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Dan Fontes

O sneakerhead OG
EU FUI PARA O CONFINAMENTO EM JANEIRO DE 2017, COMPREI O TÊNIS EM DEZEMBRO E FIQUEI ESPERANDO PARA USAR PORQUE SE EU ENTRASSE NA CASA EU QUERIA ENTRAR COM ESSE TÊNIS, EU QUERIA ESTREAR ELE NA HORA QUE EU PISASSE DENTRO DA CASA DO BBB. E ASSIM EU FIZ.

Para começar, como foi toda sua experiência no Big Brother e quais tênis você levou para o programa?

Quando eles chegaram em casa para me “sequestrar” avisando que eu estava dentro do BBB, me deram 20 minutos para pegar minhas coisas. Eu mirei nos tênis mais fodas que eu tinha, mas eles foram me barrando porque mostrava muita a marca. Então acabei levando para casa do BBB um Air Jordan 16 – eu fui para o confinamento em Janeiro de 2017, comprei o tênis em dezembro e fiquei esperando para usar porque se eu entrasse na casa eu queria entrar com esse tênis, eu queria estrear ele na hora que eu pisasse dentro da casa do BBB. E assim eu fiz. Eu levei também Air Jordan 3 Cyber Monday e um Kobe 8, verde limão com detalhes em cinza.

Eu só não consegui levar mais por que a bag que eles me derma era muito pequena. Meus tênis são tudo 46, ocupa muito espaço, ou eu levava tênis, ou eu levava roupa. Todas as vezes que eu tentava falar sobre tênis dentro da casa, ou mostrar eles, a Globo tirava a câmera de cima de mim, eles não fazem propaganda para os outros de jeito nenhum. Uma das coisas que eu fazia para aparecer, eu pegava meus tênis, ia lá no tanque com a minha escovinha e limpava, friso por friso, pegava creme hidratante para passar no tênis, e depois ficava lá admirando. Obviamente eu fazia isso para chamar atenção para mim, e funcionava.

Um fato muito curioso, na última festa que precedeu a minha saída do programa, o tema era “festa no gueto”, lá eu senti que eu ia sair de programa mesmo porque já tava comentando é que eu tava com saudade de comer pizza, refrigerante de cola, de hambúrguer, de batata frita, só junk food, tinha tudo isso na festa. Além disso, na hora de buscar o figurino para a festa, o Mamão foi primeiro, eu fiquei esperando no quarto azul. Ele voltou pro quarto e falou “Dandan, tem um tênis muito louco no seu figurino, eu não sei qual que é mas eu achei lindo”. Quando eu cheguei lá, era um Jordan Melo M13 todo vermelho! Eu pirei demais, fiquei pulando em cima da cama, abracei e beijei o tênis. O pessoal dentro da casa até veio me perguntar porque tinha ficado tão feliz de ter ganhado o tênis, aí eu comecei a contar toda a história do Carmelo, que ele era patrocinado pelo Jordan, que ele era muito foda e tal, e aí fizeram modelo só para ele e tal.

Foi uma satisfação muito grande trocar de tênis, porque eu já não aguentava mais os que eu tava usando, era sempre as mesmas roupas e tênis (risos). Quando sai do programa me perguntaram o que eu mais sentia falta e respondi “dos meus tênis, depois do meu guarda-roupa, eu quero trocar de roupa, eu não aguento mais vestir e calçar os mesmos tênis” (risos).

Quando exatamente você começou a colecionar tênis?

Eu comecei a minha coleção em 1996. Comprava um aqui e um ali, eu trabalhava o mês inteiro para conseguir aquele grail e assim foi indo. A paixão foi só crescendo e hoje eu tô bem conhecido na cena dos colecionadores. Eu cheguei a ter 319 pares; hoje deve ter por volta de 150.

 

Você lembra quando foi seu primeiro contato com tênis?

O meu início foi no skate, eu andei de 86 a 91 – na época não tinha pista pública, as únicas eram as de São Bernardo e São Caetano – então a gente saía lá de Ferraz de Vasconcelos, ia até o ABC para poder rodar em uma pista. Mas eu sempre gostei mais das ruas mesmo. E os tênis da época de 87, 88, era um Qix, que depois de muitos anos eu fui descobrir que era uma imitação da Vans. Então a minha paixão por tênis começou pelo skate.

O basquete surgiu com a transmissão da NBA na Band no começo dos anos 90. Virou um boom, a galera começou a jogar e eu comecei a me interessar. Nessa época tive um estirão de 30 cm e quando eu ia andar de skate o pessoal me zuava falando “caraca, olha o vareta andando”. Se tá ligado como é adolescente, né? Pega trauma de tudo. Aí eu abandonei o skate aos poucos e comecei a jogar basquete na escola. A paixão foi muito grande e você sabe, associado ao basquete, veio os sneakers. Aí vira aquilo né, você vê os caras da NBA com os tênis, você quer ter igual.

E qual foi o primeiro tênis que você comprou de basquete?

Em 1990, quando eu tava chegando mais importados, primeiro tênis de basquete que eu tive foi um Nike Delta Force. Eu usava ele para andar de skate porque eu não tinha um tênis de skate, Nikes eram mais baratos que os tênis de skate. O segundo Nike que eu comprei foi o Bo Jackson Air Trainer SC 2, eu parcelei ele e fiquei tipo 2 anos pagando, muito doido.

 

Você faz customização nos seus próprios tênis né?

Sim. O negócio é, eu perdi muito tênis por causa de hidrólise e eu ficava puto porque não entendia o porquê aquilo acontecia, para o tênis durar mais você tem que usar ele. Com o passar do tempo eu desenvolvi técnicas de costum de “sole swap“, em que eu troco as solas estragadas por solas novas. Eu normalmente não faço isso para as pessoas porque o preço de um tênis novo só para pegar a sola é o valor de um tênis bom. Os materiais que eu uso para customização são nacionais, não é de boa qualidade mas é o que a gente tem aqui e para trazer de fora o valor do dólar não compensa. E tem essa coisa de brasileiro né, o cara tá pagando e acha que tem que estar perfeito, igual de fábrica, mas é um processo bem artesanal, não tem como ser linha de produção. Por isso que eu não faço custom para as pessoas, somente para mim.

Qual a maior diferente que você sente entre a cena de tênis nos anos 90, quando você já estava inserido no basquete, e a cena atual?

Hoje virou tudo hype, eu acho dahora que a cena tá mais fortalecida, mas tem muito poser no meio sabe? Que não tem a alma ou a essência da cultura, até mesmo porque eu vivenciei toda essa geração e peguei toda a transformação. Quem tá vindo agora, tá vendo o negócio bacana mas não entende o que rolou no passado e por que chegou nesse nível. Tem muita gente que compra vários tênis sem saber o que está comprando e não vão atrás do conhecimento.

Quando eu era mais jovem, eu comprava um guia chamado “Slam” em uma banca de jornal na Avenida Paulista. Ela era importada e o preço era um absurdo, mas eu pagava mesmo assim. Além de vir reportagens sobre o basquete – que eu não entendia porra nenhuma porque a revista era em inglês – tinha uma sessão só de sneakers. Nessa parte da revista eles colocavam todos os lançamentos e os tênis que os atletas estavam usando. Essa era a minha maneira de saber o que tava acontecendo.

A GALERA QUER TER O TÊNIS PARA SER MELHOR QUE O OUTRO, EU NÃO QUERO PARA ISSO, EU COMPRO POR QUÊ EU NÃO TIVE CONDIÇÕES DE TER QUANDO EU ERA JOVEM.

Pra você, o que significa ser um sneakerhead?

O sneakerhead “raiz” como falo, os “jurássicos” assim como eu, ele não precisa ter 500 pares de tênis pra entender ou fazer parte da cultura sneakerhead. O que é ser um sneakerhead? É conhecer a história do tênis – pois cada um tem sua própria, aconteceu alguma coisa para o tênis sair, vender um monte e virar hype. Porque que vira hype? Porque tem tênis quickstrike? Entender essas paradas que te faz um sneakerhead, é você saber diferenciar essas coisas. O que vejo demais na cultura nos dias de hoje é que muita gente se diz sneakerhead sem saber o que é, porque simplesmente vai em uma onda.

Por exemplo, eu odeio, odeio, com todas as forças do universo, do mundo, da galáxia, a porra desses Adidas que parece um sapo – o Yeezy! O Kanye West se acha o pica, mas o cara não manja do bagulho, eu não vou dar $5.000 num par de tênis que o cara desenhou mano. Você olha o tênis em cima ele parece um sapo cururu agachado pronto para dar um salto. É feio demais mano! Até o Air Yeezy que ele fez pela Nike, tem um cara vendendo por R$27.000! Para ele hidrolisar né, o tênis tem mais de 10 anos, você vai dar toda essa grana só porque o cara desenhou o tênis? E na moral, é feio para caralho, ele pegou a sola do Jordan 3, um strap do Bo Jackson, desenhou um negocinho aqui e ali. A galera quer ter o tênis para ser melhor que o outro, eu não quero para isso, eu compro por quê eu não tive condições de ter quando eu era jovem.

ENTÃO O AIR JORDAN 11 É MUITO ESPECIAL PARA MIM PELA SUA HISTÓRIA, EU LEVEI MUITO TEMPO PARA CONSEGUIR ELE. DEPOIS DE EXATAMENTE 23 ANOS DEPOIS O TÊNIS FOI RELANÇADO, COM AS MESMAS ESPECIFICAÇÕES DO PROTÓTIPO E COM A MESMA CAIXA DO AIR JORDAN 10.

E porque de todos da sua coleção você escolheu esse Air Jordan 11 Concord?

A história desse tênis é que em 1995, o Jordan retorna para as quadras depois da aposentadoria. Ele não tinha um tênis definido para temporada e ele pede para o 

Tirando colorway, qual shape de Air Jordan é seu favorito?

Para mim, os melhores tênis da série Jordan é o 3, 4, 5 e o 11. E eu gosto de todos os Jordans do 1 ao 22, eu quero ter todos algum um dia.

Nike Air Jordan 11 Concord
Ano: Dezembro de 2018
Dono: Daniel Fontes
📸 por: Deko

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