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Permacultura, barraco e sustentabilidade: conheça o lifestyle de Luísa Matsushita

Você provavelmente já ouviu falar muito da banda paulista Cansei de Ser Sexy, se não, talvez você não tenha vivido o começo dos anos 2000 direito. Que atire a primeira pedra, quem nunca desejou se vestir como a vocalista Lovefoxxx, que vivia ousando nas peças de paetês e macacão super colado no corpo. Não demorou muito para a gata se tonar ícone fashion e, inclusive, fechou diversas parcerias com as marcas mais cobiçadas do mercado, entre uma delas, a clássica de sapatos Melissa. Porém, a artista por trás do apelido super cool trocou a rotina de shows ao redor do mundo – do mundo mesmo! Elas tocaram em vários países, dos Estados Unidos ao Japão -, e eventos no mundo da moda, por um estilo de vida mais minimalista e com base na permacultura

Hoje, Luísa Matsushita inspira diversas pessoas a trocarem a vida na cidade grande e colocarem a mão na massa, seja para fazer uma plantação de vegetais ou até mesmo, para construir a sua própria casa. E por falar em casa, o apartamento dos sonhos no centro de São Paulo, no qual era dona, foi vendido para dar o start em sua nova fase de vida, que incluía: tirar a carteira de motorista, mudar para o sul do país, tirar as próteses de silicone e começar a construir o seu próprio lar, com o menos impacto ambiental possível. Mas, antes mesmo de começar a mexer em sua nova moradia, surgiu a ideia de montar um barraco para ficar enquanto a casa estivesse no processo de construção. Com toda a sua genialidade e criatividade, o espaço de madeira virou referência de lifestyle e decoração, e Luísa, provou que quando se tem bom gosto, paixão e boas ideias, tudo pode se transformar em algo único e especial.

Por aqui, estamos apaixonadas por tudo o que cerca a artista multitalentosa – ela canta, toca, pinta, compõe e constrói casas -, e para nós, estar rodeada de mulheres que inspiram é um privilégio e uma chance de ver uma nova perspectiva de vida, que vai muito além do estilo de se vestir. A Luísa está passando a quarentena na casa do namorado – que foi quem a introduziu aos conhecimentos agroflorestais -, mas dividiu com a gente um pouco da sua rotina no mato. Agora, nós lançamos o desafio: tente chegar até o fim dessa matéria e não desejar mudar radicalmente de vida – ou pelo menos, entender um pouco mais sobre permacultura e construções sustentáveis. Vem com a gente:

Foto: Luísa Matsushita (Reprodução)
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“Foi depois de ver um documentário que literalmente mudou minha vida e se chama “Garbage Warrior” no youtube (@thegarbagewarrior). Lá eu fui exposta a um mundo que não conhecia das casas sustentáveis. Isso foi em 2013. Em 2014 fui lá pro Novo México, nos Estados Unidos, para aprender a como construir uma casa dessas. Na época, eu fazia muita turnê com a Cansei de ser Sexy e infelizmente gerávamos muito lixo – e isso me deixava agoniada e aflita.”

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“Foram muitas mudanças em um longo espaço de tempo que começou lentamente em 2011:
– 2011: Comecei a fazer bazar no brechó dos meus querides amigues B.Luxo.
– 2015: Fiz o bazar no enjoei e muita doações para o Exercito da Salvação. Além de me desfazer de 70 à 80% dos meus pertences (tudo, roupa, cacarecos, móveis, eletrodomésticos). Fui fazendo cursos para ampliar as minhas habilidades e para me sentir segura em manusear ferramentas sozinha. 
– 2014: Fiz o primeiro curso de 1 mês na @earthship, aonde aprendi usar todas as ferramentas de impacto (furadeira/parafusadeira, serra circular, serra de bancada, britadeira, betoneira, lixadeiras, etc – sendo que quando cheguei lá, não me sentia segura para pregar um prego com outras pessoas olhando). Também aprendi a construir uma casa sustentável e seus sistemas passíveis.
– 2016: Fiz curso de bio construção com barro, bambu e aprendi técnicas de construção, tintas e estruturas no @institutopindorama

– 2016 e 2017: Participei de duas construções de 2 earthships do começo ao fim, trabalho voluntário com os @n4vetierra.
– 2017: Aprendi a dirigir e tirei carta (passei na primeira prova!), já que nessa nova vida eu teria que saber dirigir.
– 2018: Juntei as minhas milhas e fui para Austrália, fazer o PDC com o David Holmgrem (ele é o Co-criador da Permacultura). Pra quem não sabe, PDC é um curso de permacultura que, mundialmente segue a mesma estrutura e programa – PDC significa “permaculture design certificate”.
– 2018: Trabalhei 1 ano com o @multiplicasabedoria, participando de mutirões numa comunidade agrícola orgânica no interior do paraná… Com eles aprendi muito sobre sementes crioulas, multiplicação e conservação. No fim de 2018 me mudei pro barraco. O @namasteagroflorestal trouxe a agrofloresta e seus conhecimentos pra minha vida, aonde hoje vivo essa realidade com ele.”

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Foto: Luísa Matsushita (Reprodução)
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“Fazendo grandes “limpezas” minimalistas (vender e doar pertences). Ler o livro “Eat to live” do Doutor Joel Fuhrman e aplicar esses conhecimentos na minha dieta.”

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“Esse movimento começou forte em 2014 e me mudei de São Paulo em abril de 2017.”

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“Em agosto de 2016, quando participei do meu primeiro voluntariado dessa construção (https://www.facebook.com/lurralewet/), eu fui pra Argentina pensando que queria juntar dinheiro, colocar meu apê pra alugar e comprar um terreno no mato. Não tinha a intenção em vender meu apartamento… Durante esse 1 mês de trabalho, lá a gente não tinha internet e eu usava o celular só para tirar fotos, tive sonhos muito vívidos e durante esses sonhos, a minha consciência foi trabalhando em forma de sonhos o desapego. Quando voltei para são Paulo, estava decidida a vender e mudar de vida por completo. Isso foi em setembro, vendi o apê em outubro, tirei carta de motorista em fevereiro e em março de 2017 participei da construção dessa earthship (https://www.airbnb.com/rooms/38487042). Voltei para São Paulo, tirei minha prótese de silicone e me mudei pro sul.”

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Foto: Luísa Matsushita (Reprodução)
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“A casa que estou construindo é uma casa com menos impacto. É que pra chamar uma casa de SUSTENTável, ela realmente tem que exercer muitas funções e implica muitas técnicas naturais que eu não estou aplicando nela. A casa que estou construindo é de madeira de demolição e algumas paredes de compensado naval – que é de madeiras de reflorestamento. Ela tem coleta de água da chuva e aquecimento de água a partir de serpentina no fogão a lenha e aquecimento solar. Porém, a energia vai ser conectada a rede elétrica municipal. Eu tenho vontade de colocar painéis fotovoltaicos. Sobre o tratamento hidrossanitário vai ser um biodigestor e camas de evapotranspiração.”

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“A vida no barraco tem 5 elementos: 
1) Barraco
2) Composteira
3) Chuveiro externo
4) Cerca
5) Portão
Primeiro eu fiz o barraco e demorou 1 mês, mas todos esses 5 elementos, mais os embelezamentos todos – pinturas e móveis internos E externos -, isso demorou mais 3 meses.”

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“Receber as amigas, oferecer residência artística pra minha comunidade de artistas – retribuindo o apoio que já recebi -, alugar no Airbnb para pessoas interessadas em viver essa vida diferente, pra ver se é isso o que elas querem… Imagino que o barraco sempre estará ocupado por amigas queridas!”

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Foto: Luísa Matsushita (Reprodução)
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“Tem várias formas de fazer um banheiro seco, eu escolhi a forma mais “lo-fi” que existe. São 3 elementos:

1) Aonde vc faz o cocô, tipo essa “privada” que eu fiz bem bonita.

2) A composteira (no meu caso, dimensionado pra uma pessoa, 3 cabines de 1x1m3).

3) Você, a gerenciadora do banheiro seco.

Eu faço cocô num balde de 20 litros (20 litros é fácil de transportar cheio e pesado), entre cada vez que uso cubro o cocô ou o xixi com serragem. Pode cobrir com folhas secas também. Eu tenho 4 baldes e os espero encher para depositar tudo na composteira. Lá eu preciso forrar todos os cantos, incluindo o chão com palha, o cocô/xixi/serragem fica envolvido dentro desse ninho de palha seca e vai se decompondo durante 1 ano. Durante a primeira semana, eu fico monitorando a temperatura dessa pilha que deve se elevar a mais ou menos 55 graus celsius. A própria fermentação de tudo aquilo faz isso, e é nesse momento que os micro organismos termofílicos agem decompondo aquilo tudo. Nessa fase grande parte dos patógenos são decompostos. Como eu não tomo nenhum remédio, essa pilha vai virar ADUBO HUMANO que eu vou usar na horta em um ano. Se eu tomasse remédio ou pílula anticoncepcional, essa pilha demoraria 2 anos pra estar segura pra uso na horta. Com isso, eu aprendi o impacto dos remédios e produtos de limpeza – o cloro por exemplo mata os micro-organismos, sendo que precisamos deles para fazerem nossa decomposição. Tudo é muito vivo e muitos produtos de limpeza mata toda a vida que é micro. Existem muitas bactérias benéficas que acabam sendo mortas com a maioria dos produtos de limpezas do mercado. Então eu faço meus próprios produtos e vivo uma vida aonde o branco das minhas roupas e lençóis serão sempre encardidos e tudo bem.”

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Foto: Luísa Matsushita (Reprodução)
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“Lixo reciclável: pneus de diversos tamanhos, latas, garrafas pet, garrafas de vidro, terra, areia, brita, cimento, vergalhões, cisternas, plásticos isolantes, isopores, telha sanduíche, painel fotovoltaico, vigas de madeira, madeira pra finalização, janelas de vidro…”

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“Sinto falta das gays da minha vida que estão espalhadas pelo mundo. Em São Paulo, tinha mais gays em volta de mim. Sinto falta das gays e de uma internet rápida de vez em quando.”

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“Sim! Especialmente as pessoas que tem mais de 30 anos, devido a já terem conquistado o que queriam na cidade grande e por terem uma independência financeira maior do que as pessoas que agora estão com seus 20 e poucos anos.”

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Foto: Luísa Matsushita (Reprodução)
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“Desde 2004 eu sou profissional autônoma, então faz muito tempo que crio a própria rotina – que é meio que a mesma. Porém, no barraco tenho muitas tarefas como roçar a grama, juntar palha pro banheiro seco, plantar, fazer fermentações, conservas de alimentos e PRECISO pintar no meio de tudo isso.”

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“É lidar com a ansiedade, hoje tenho mais paciência. Acredito que como minha mãe diz: “tudo precisa da nossa mão”, e trabalhando todos os dias nas coisas que queremos materializar – por mais que pareça demorado tudo chega.”

O artigo Permacultura, barraco e sustentabilidade: conheça o lifestyle de Luísa Matsushita foi publicado pelo Steal The Look.

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